As pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Raimundo Correia
Imagem: Pombas Despertadas - Canguçu, RS, Brasil
Foto: Loila Teresinha Cunha de Matos
Fonte: Língua e Literatura - Faraco & Moura
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Loila, tens o poder de evocar lembranças até então esquecidas - é o caso desta poesia que devo ter lido, ouvido ou estudado lá na infância, nos cursos primário ou ginasial, acho que na "Seleta de Prosa e Verso".
ResponderExcluirÉ belíssimo este soneto.
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