Quando tudo era ainda só sesmarias
uma serra bonita indicava o lugar
onde iria se erguer a bela freguesia
para a vila e a cidade mais tarde passar;
tuas lavouras, teus campos, teu céu infinito
são coisas tão lindas da gente apreciar;
teu povo aguerrido, cordial e hospitaleiro
igual não existe, é um povo sem par.
Teus arroios que correm banhando as paisagens
gargalham em alvoroço em lindas cachoeiras;
o milho e o trigo das tuas colheitas
alimentam os moinhos na safra altaneira;
tuas matas nativas que o Camaquã banha,
cobertas na enchente por águas corredeiras,
e as toras levadas em ágeis canoas
viram tábuas para o rancho da prenda faceira.
Dos tebas guerreiros das lutas de outrora
das tantas vitórias que a História nos traz
gravações tão profundas em nossas memórias
que apagam lembranças de algumas horas más.
Essas mil conquistas nos dão a certeza
que um lindo futuro por certo terás
e os sons dos clarins e os ecos de guerra
os anjos devolvem em acordes de paz.
Guerreiros que dormem em catres silentes
vigiam, a luz de seu berço, o esplendor
e um dia a rainha, a Princesa dos Tapes
devolverá em dobro essa prova de amor.
E aos que aqui vivem lutando, hoje em paz,
plantando e colhendo, com frio ou calor
são estes teus filhos que por ti morrerão
se a pátria em perigo lançar o clamor.
Teu filho garante, pequena princesa,
que ajoelhado ao teu solo uma prece fará,
pois a ferro e fogo te defenderá.
E que os deuses da pampa, que a tempo te rondam,
reforcem os frutos que essa terra dará,
e que tua seiva bendita agrade a esses deuses,
e pra sempre o teu povo forte será.
José Ari de Lima - canguçuense
Fonte: Universo Crioulo; José Ari de Lima
Imagem: Sol poente em Canguçu, RS, Brasil
Foto: Loila Matos
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