Trovas
Os casulos guardam vidas,
Geradas da pura essência.
São crisálidas contidas
No milagre da existência.
Na igreja, o sino, ao seu jeito...
Tange a saudade de alguém.
Eu tenho um sino no peito,
Que sente e bate também.
Prisioneiro sem escolta,
Vou vivendo a Deus dará...
Esperando a sua volta,
Nas voltas que o mundo dá.
Nunca mais vi os teus olhos
E nem teus olhos os meus.
Perdidos, por entre escolhos,
Ficaram, naquele adeus.
Jamais pensou (que ironia!)
São José, o carpinteiro,
Que seu filho morreria
No martírio do madeiro.
O tempo vem, sem maldade,
Depois que tudo passou,
Preencher com a saudade,
O vazio que ficou.
Na vida, tudo acontece!
Quem tal verdade não viu?
Às vezes, sobe quem desce...
Desce tanto quem subiu!
Se de um amigo estás perto
Lembra-te desta franqueza:
Só se vê o amigo certo
Nos momentos de tristeza.
Não te entristeça a desgraça,
Frente à desdita, sorria.
Depois da noite que passa,
Surge sempre um novo dia.
Fonte: Trovas Escolhidas; Newton Rossi
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