Todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre do ódio te esquivares;
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida,
estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
E a dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exausto, contudo
Resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
Entre Reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal, todo valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
E - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
Autor: Rudyard Kipling
Tradução: Guilherme de Almeida
Fonte:
OTIMISMO EM GOTAS; R. O. DANTAS
Imagens:
Borboleta na Mão e nas Zínias - Canguçu, RS, Brasil
Fotos: Loila Teresinha Cunha de Matos
Ver:
Canguçu em Cores
Imagens:
Zínias - Borboletas - Mangangava
Fortes Arrimos - Poesia - Loila Matos - 2016
http://cangucuemcores.blogspot.com.br/2016/08/fortes-arrimos-poesia-loila-matos.html