Peão e changador
Ali no mais desencilho
porque sempre fui chiru,
jogo de pronto o pelego
na sombra do velho umbu,
sesteio e o cavalo pasta
ao redor deste índio cru.
Depois de puxar um sono
do pago respiro a essência
tomando um bom chimarrão
sinto a alma da querência
aí eu encilho o meu pingo
e volto à razão da existência.
Não fico sem trabalhar
a preguiça me dá pavor
sempre rezo e agradeço
ao bom Deus Nosso Senhor
no tempo certo sou peão
e na entressafra um changador.
Na lida ninguém me assusta
confirmo tudo o que falo
sei laçar de toda a trança
sei domar qualquer cavalo
sempre pronto a uma quarteada
meu despertar é o galo.
José Ari de Lima - canguçuense
Fonte: Universo Crioulo; José Ari de Lima
Local da Imagem: Piratini, RS
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